Halldór Laxness
Halldór Laxness, escritor islandês, recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1955. Da interminável lista de Prémios Nobel da Literatura, o seu nome é mais um dos ilustres desconhecidos que a integra. Em Portugal, a Cavalo de Ferro publicou em 2007 um dos seus romances, Gente Independente. O único em português dos 51 que escreveu.
Porque me desviei de Macau para os livros? Simples: este é um dos meus eternos prazeres e este é um dos autores que mais me marcou. Porque não falo islandês, é grande motivo de revolta o facto de não conseguir encontrar mais livros de Laxness.
Devorei Gente Independente e fiquei extasiada. É belo o enquadramento mágico da história de Bjartur, um homem que luta pela sua independência. Determinado e obstinado, Bjartur quer mostrar a todos que é capaz de ser auto-suficiente. Que pode ser independente. Mas na sua obstinada e cega luta por essa independência financeira, rui a sua família e acaba por ruir, posteriormente, a sua própria vida como ele a conhece.
Bjartur luta. Luta desenfreadamente contra tudo e todos. Luta contra as superstições, contra os fantasmas, contra a dependência financeira, para mostrar que ele, Bjartur, é um homem independente. Um verdadeiro islandês, numa época em que o país, muito pobre, se encontrava sob o domínio dinamarquês.
Embora o final seja a ruína de Bjartur, após centenas de páginas de uma luta estóica, e, por vezes, a sua obstinação roce o ridículo, seremos insensíveis se não nos deixarmos tocar por este homem duro, que não confia em ninguém. Apenas na sua cadela, Títla. Esta é uma história de humanidade de um homem, que é apenas isso, humano. E daí a sua grandeza.
Bjartur não é herói, nem pretende ser. Mas é inspirador. E esta não é uma história feliz. Mas, seria ingénuo quem esperasse que o fosse. O mais que podemos é olhar para Bjartur e, talvez, aprender. E basta. Não podemos pedir mais.
Talvez haja uma lógica natural, que me faz trazer este livro. Na realidade, Gente Independente acompanhou a minha estadia em Macau. Antes de dormir, procurava sempre avançar um pouco mais. Acrescentar mais algumas linhas à história de Bjartur. Talvez na esperança que ele conseguisse alcançar a sua independência. Ou talvez mesmo para desvendar o sentido da vida. Mas o sentido da vida não estava lá. Era apenas mais uma pista para lá chegar. A juntar a todas as outras que se vão coleccionando. Resta-me agora acalentar a esperança de um dia conseguir juntar todas as peças e lá chegar. À Islândia, sim. E ao sentido da vida, também. Quem sabe?
Cool...Fiquei curioso, well done.
ReplyDeletebem haja
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ReplyDeleteÉ uma pena que nada mais exista em português. E mesmo em inglês, os textos disponíveis, da autoria de Laxness, são escassos. É-me difícil compreender como alguém que influenciou tantos outros escritores, como Gabriel Garcia-Marquez, por exemplo, seja tão pouco conhecido e tão pouca coisa sua esteja disponível noutras línguas que não o islandês.
ReplyDeleteO sentido da vida é aquele que lhe quisermos dar.
ReplyDeletePara umas pessoas poderá ser ter 1 zilião de €, para outras será educar e formar a sua descendência, outras quererão destruir algo, outras ainda dirão que é criar o que não existe agora, para outras será ler o máximo, outras dirão que é escrever o melhor, para outras poderá ser pensar tudo, outras sentirão que é ajudar pessoas a elevarem-se e serem melhores e felizes...
O sentido da vida é o que a pessoa disser que a faz feliz.