Não, não me façam mal, a lista é demasiado breve para 14 meses. Sim, bem sei: shame on me, sendo moça que aprecia ler. Talvez me perdoem se disser que creio que a lista está incompleta e se justificar alegando um mestrado que implica demoradas e entediantes leituras? Infelizmente, não me recordo da ordem pela qual foram lidos. Seguem, pois, por ordem alfabética que é mais bonito.
1 - Que Farei Quando Tudo Arde?, António Lobo Antunes: a leitura já havia sido iniciada cerca de cinco anos (!) antes, quando o livro me havia sido ofertado por ocasião do meu vigésimo ou vigésimo primeiro aniversário (não me recordo bem). Na altura li cerca de 100 páginas do livro e, pelas suas dimensões e outras leituras que se impuseram, acabei por não terminar o livro. Finalmente em 2010, nos meses de descanso, li-o todinho de uma assentada e apreciei a escrita do senhor Lobo Antunes em todo o seu esplendor.
2 - O Segredo do Bosque Velho, Dino Buzzati: conheci este autor através do catálogo da Cavalo de Ferro, editora que desde que me deu a conhecer Halldór Laxness sigo com atenção. Passando numa Fnac, à saída, deparo-me com o livro a um preço muito baixo (never underestimate the power of a good book at a low price) e naturalmente não o pude deixar ali: trouxe-o comigo. Foi uma viagem maravilhosa, com personagens mágicas e ventos falantes. Mas aconselhada a graúdos. (Repousa actualmente na mesinha de cabeceira a compilação de contos italiana da Mondadori, Sessanta racconti, igualmente do signor Buzzati.)
3 - O Avesso e o Direito, Albert Camus: foi mesmo adquirido por mim algures em 2009, na altura da Primavera. Pequenino, compilava (e ainda compila!) os primeiros escritos do senhor Camus, o que determinou a compra. Foi lido há pouco tempo, embora não saiba precisar há quanto. Camus teria 22/23 anos (ou uma idade próxima) quando escreveu estes textos. Introduz ele próprio a edição francesa, alguns anos depois, e refere que não se envergonha do que escreveu quando era ainda tão jovem, apesar de se sentir um pouco desconfortável com a nova publicação dos escritos. Apesar da juventude, a luz de Camus já se vislumbra em O Avesso e o Direito. E não deixou de me impressionar com a sua escrita em tão tenra idade.
4 - Um Mover de Mão, Vasco Gato: foi-me recomendado e ofertado. Como tal, conclui que mal não faria voltar à poesia, tantos anos depois. Foi preciso sacudir a poeira dos olhos e do pensamento, mas, efectivamente, correu muito bem. Tão bem, que outros se seguiram. Haja mais mãos e frutos para nos continuar a confortar.
5 - Contos de São Petersburgo, Nikolai Gógol: é mais um livrinho de bolso que a Assírio e Alvim, em conjunto com a Relógio D'Água e a Cotovia me proporcionaram. Reúne de forma prática - para mim - alguns livros que sei que integram parte da colecção Gato Maltês da Assírio. Inclui o famoso conto "O Nariz", assim como "O Capote", que em conjunto ilustram personagens de pouco interesse que centram o seu ser em torno de cada um destes elementos. E é isso que as torna interessantes. Por isso, quando perdem o nariz e o capote sentem-se perdidas e ficam vazias.
6 - Os Passos em Volta, Herberto Hélder: sim, sim, bem sei, clamem mais um sonoro shame on you: não conhecia o Herberto até me ter sido (imposto) dado a ler. Mas foi a mais bela imposição. São belas as suas palavras, belas as suas metáforas, belo, belo, belo.E mais não digo, para que o leiam e sintam com o vosso sentir. Entranha-se e não mais se quer deixá-lo partir. É mantê-lo próximo da mesinha de cabeceira.
7 - Siddharta, Herman Hesse: provavelmente todos já leram o livrinho. Ele andava, desde a altura em que peguei em Marguerita e o Mestre, perdido pelas mesas e estantes de casa, migrando de um lado para outro, à espera que finalmente o lesse. Mas li-o em boa altura, quando a tranquilidade do turbulento percurso de Siddharta era necessária.
8 - O Príncipe, Niccolò Machiavelli: impunha-se, enquanto clássico e só não tinha sido ainda lido, porque ainda não encontrara uma edição "jeitosinha", com um tamanho de letra "jeitosinho" de se ler. No ano passado, fui à Feira do Livro e encontrei a edição da Editorial Presença que possui uma introdução maior que o texto de Machiavelli, com notas de rodapé que preenchem meia página. Fica a dúvida sobre a ironia de Machiavelli caído em desgraça após anos de serviço leal. [Florença não era um sítio fácil naqueles tempos. Que o diga Savonarola (e agora poupo-vos a uma fácil piada mórbida.)]
9 - Tonoharu, Lars Martinson (agora o volume II): saiu no final do ano passado a segunda parte da novela gráfica em quatro volumes da história de um tonto rapaz americano a residir numa pequena cidade japonesa. No final desta parte o rapaz mete-se em trabalhos e vai de férias. Lá vou eu esperar mais um ano para saber o que lhe irá acontecer.
10 - Frankie e o Casamento, Carson McCullers: depois de lido The Heart is a Lonely Hunter, acho que a fasquia estava demasiado alta. Frankie e o Casamento lê-se. Compreendo a narrativa, mas não consegue ser brilhante como o romance anterior.
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