... Acordaste mal, depois de uma noite agitada por negros pesadelos, com dores no pescoço. Saíste de casa com a sensação de que ainda estavas a dormir e mecanicamente cumpriste o ritual de deslocação para o escritório.
Mal o dia se inicia, uma tempestade desaba sobre a tua cabeça e ficas zonza de ansiedade. Continuas, tentas empurrar as horas do dia até que chegue o jantar e lá consegues, a custo, porque te sentes exausta.
Quando chegas a casa, estoirada, depois do jantar, e te diriges à cozinha para pegar numa caneca, partes um copo e entornas o recipiente gorduroso em que entretanto pegaste. O líquido alaranjado suja toda a bancada e vês-te obrigada a lavar tudo mais a louça que alguém deixou no lava-louças.
Ligas o computador para limpar spam de e-mails e tentar adiantar pequenas tarefas e dás conta que algo te escapou e, mais uma vez, falhaste. É quase meia-noite, o dia está quase a acabar e percebes que há dias que são mesmo merdosos, de uma ponta à outra, e não há nada que os salve.
Talvez só mesmo uns copos de uma bebida bem forte.
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