Acordar às 10.00, mas ficar na cama até às 11.30. Levantar-se, fazer café, torradas e come-las acompanhadas do batido de frutas caseiro.
Jogar um jogo pateta no iPad, enquanto as torradas ficam prontas, fartar-me do jogo, ligar o computador. Limpar o e-mail pessoal das newsletters que não sei bem porque as subscrevi, se raras vezes são abertas. Abrir o Facebook, ver os vídeos que os amigos linkaram, rir e acabar a ver o programa do Conan O’Brien em que o Louis C.K. foi convidado.
Saber que há almoço para preparar, roupa para por a lavar, casa a arrumar e ainda assim, não me preocupar.
Mudar da mesa da cozinha para o sofá, rir um pouco mais, visitar tumblrs como o Better Book Titles, rir e conhecer novos livros, tomar nota, arranjar as unhas preguiçosamente enquanto leio e me sinto verdadeiramente satisfeita. Depois de um par de semanas em que o mal estar físico imperou e afectou o sistema mais querido do corpo – o digestivo –, diria que isto se aproxima de um sábado perfeito.
Saturday, September 21, 2013
Thursday, September 19, 2013
O que importa
O que importa é feito de uma matéria que não se vê, não tem etiqueta com preço e pode perder-se num instante.
Ainda assim, é o que importa.
É breve. Acontece rápido.
Tenho tido sorte. Tenho tido coisas importantes na vida.
Muitos não terão.
Sei das minhas dádivas.
Espero apenas não as desiludir.
Ainda assim, é o que importa.
É breve. Acontece rápido.
Tenho tido sorte. Tenho tido coisas importantes na vida.
Muitos não terão.
Sei das minhas dádivas.
Espero apenas não as desiludir.
Sunday, September 15, 2013
Sabes que a tua semana foi uma merda, porque...
Na segunda, passaste mal. Na terça, acabaste o dia a auto-flagelar-te mentalmente pelas dificuldades que te auto-impões e que só servem para te complicar a vida inutilmente. Na quarta, ao jantar, sentias-te uma fracassada. Na quinta, fizeste molho de tomate para o jantar e juntaste malaguetas a mais. Na sexta, já na passagem para sábado, tiveste notícia de que fizeste asneira e reiteraste mentalmente o fracasso que és. No sábado à tarde sentiste-te impotente. À noite, o jantar em família içou o ânimo. No domingo, regressaste a casa e deste por ti a registar a porcaria de semana que tiveste e a descobrir que este blogue teve 114 visualizações só ontem. E chegaste à conclusão que há muita gente que deve ter muito tempo livre ou é distraída, para ter cá vindo parar. E que apesar de distraídas ou de se terem enganado, ter olhos que passem por este estaminé não é a felicidade, mas ajuda.
Saturday, September 14, 2013
Acto de contrição
Da responsabilidade. E, já agora, da responsabilização: importa deixar uma nota mental, que me sirva e que possa ser tomada por quem lhe aprouver: a culpa, no final, de tudo o que acontece é minha. [Vossa, nos vossos casos.] Quer sejam palavras, actos ou omissões, a responsabilidade é minha. Principalmente pelas omissões, pelo que não é dito. Pelo que se cala. Pelo que se retrai. Tudo parte de nós, e como a serpente, que come o seu rabo, símbolo do início e do fim, da continuidade, também nós criamos o que nos acontece. Somos o princípio, a causa e sofremos o fim, a consequência. Criamos a nossa própria continuidade e eu... eu afundar-me-ei na minha própria culpa, pela qual sou inteiramente responsável.
Thursday, September 12, 2013
Frase do Dia #51
Lido num rótulo de uma garrafa de vinho tinto oriundo do Alentejo:
«Porque os bons alentejanos dão sempre mais do que pedem.»
Pessoal, se quiserem uma relação das boas, em que saem sempre a ganhar, arranjem um alentejano. Tinto, preferencialmente.
«Porque os bons alentejanos dão sempre mais do que pedem.»
Pessoal, se quiserem uma relação das boas, em que saem sempre a ganhar, arranjem um alentejano. Tinto, preferencialmente.
Wednesday, September 11, 2013
A postcard a day keeps the sadness away #25
Ou uma espécie de «Crónica de Uma Velhice Anunciada» ou «Retrato da Artista Quando Velha». É isto.
Acabaremos a enviar cartas a miúdos em África (ou na Ásia, conforme o gosto) que não conhecemos, mas que achámos por bem apadrinhar. E chorar como uns parvos perante desenhos de miúdos.
Acabaremos a enviar cartas a miúdos em África (ou na Ásia, conforme o gosto) que não conhecemos, mas que achámos por bem apadrinhar. E chorar como uns parvos perante desenhos de miúdos.
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Wednesday, September 4, 2013
A postcard a day keeps the sadness away #24
Há dias em que tenho vontade sair à rua e fazer isto:
Tal qual o filme. De chapéu, franjas, branco, mas sem leite. Diz-que afinal é alimento que me faz mal.
Tal qual o filme. De chapéu, franjas, branco, mas sem leite. Diz-que afinal é alimento que me faz mal.
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Tuesday, September 3, 2013
Sem número, número 18
O Pátio da Eterna Felicidade não é bonito e é pena. Por lá havia passado um par de vezes, até àquele final de tarde em que finalmente me decidi fotografá-lo. Mas o Pátio da Eterna Felicidade não é bonito. É escuro e tem umas pequenas escadas que, descendo, nos conduzem a um labirinto de ruas estreitas que são do mais antigo e sinistro que há na cidade.
Se atravessarmos a rua, do lado oposto ao Pátio da Eterna Felicidade, há uma travessa calcetada decorada com alguns vasos floridos, de onde se consegue ver o que sobra das Ruínas de São Paulo. À noite, da travessa, é possível avistar esse rasgo iluminado que são as ruínas e isso sim, é bonito. É estranho que apenas me tenha apercebido da existência dessa rua, desse rasgo, quando me encontrava no Pátio da Eterna Felicidade. Que é feio, poeirento e com pouca luz.
Ele morava não muito longe do Pátio da Eterna Felicidade. Para lá ir, teria invariavelmente de atravessar o Pátio da Eterna Felicidade. Mas no dia em que o visitei, foi no pátio da sua casa – pela vista do terraço – que pensei que era o Pátio da Felicidade Eterna. Queria fixar aquela visão, levá-la comigo, porque nunca me sentira tão feliz como ali, naquele lugar, naquele presente. Também de lá se viam as ruínas, mas era possível vê-las inteiras, pujantes de luz, belas, apesar dos brutais remendos de betão.
Descendo o olhar para a rua onde se situava o prédio, viam-se umas pequenas casas orientais, raras na cidade. Em todo o tempo que lá estive, poucas vezes me cruzara com essas habitações tradicionais. Não que seja muito difícil encontrá-las, mas o acaso nunca me conduzira a uma. Uma das casas suscitou a minha atenção. Era verde, creio. Ou vermelha. (Aqui a memória torna-se nebulosa.) Estava bem preservada, talvez tivesse sido restaurada, e dela emanavam vozes, histórias de outros tempos, que não prometiam finais felizes, mas continham em si a beleza que só o tempo consegue conferir às recordações. Mesmo às mais tristes.
Pouco antes de partir, vi na Ilha casas semelhantes. Eram um pouco diferentes, exibiam as marcas da idade, mas tinham o ar de quem sabe guardar segredos. Curiosamente, vi-as quando passava nessa rua acompanhada dele. As mais belas imagens da cidade, quis o acaso que as visse na sua companhia. Aquelas que guardo na memória e que receio perder sem que possa fazer algo que contrarie o esquecimento. Tenho medo de esquecer. Não porque tenham sido bons momentos, ou porque a sua companhia fosse a ideal. Não. Na realidade, longe do Pátio da Eterna Felicidade, a realidade impera e a beleza consome-se. Mas no seu pátio, no pátio que foi para mim o da Felicidade Eterna, sem fim, consigo ver o passado com a lucidez da memória. Porque, desde sempre, o tempo, na crueldade da sua passagem, foi adocicando as memórias que guardo desse período.
Se atravessarmos a rua, do lado oposto ao Pátio da Eterna Felicidade, há uma travessa calcetada decorada com alguns vasos floridos, de onde se consegue ver o que sobra das Ruínas de São Paulo. À noite, da travessa, é possível avistar esse rasgo iluminado que são as ruínas e isso sim, é bonito. É estranho que apenas me tenha apercebido da existência dessa rua, desse rasgo, quando me encontrava no Pátio da Eterna Felicidade. Que é feio, poeirento e com pouca luz.
Ele morava não muito longe do Pátio da Eterna Felicidade. Para lá ir, teria invariavelmente de atravessar o Pátio da Eterna Felicidade. Mas no dia em que o visitei, foi no pátio da sua casa – pela vista do terraço – que pensei que era o Pátio da Felicidade Eterna. Queria fixar aquela visão, levá-la comigo, porque nunca me sentira tão feliz como ali, naquele lugar, naquele presente. Também de lá se viam as ruínas, mas era possível vê-las inteiras, pujantes de luz, belas, apesar dos brutais remendos de betão.
Descendo o olhar para a rua onde se situava o prédio, viam-se umas pequenas casas orientais, raras na cidade. Em todo o tempo que lá estive, poucas vezes me cruzara com essas habitações tradicionais. Não que seja muito difícil encontrá-las, mas o acaso nunca me conduzira a uma. Uma das casas suscitou a minha atenção. Era verde, creio. Ou vermelha. (Aqui a memória torna-se nebulosa.) Estava bem preservada, talvez tivesse sido restaurada, e dela emanavam vozes, histórias de outros tempos, que não prometiam finais felizes, mas continham em si a beleza que só o tempo consegue conferir às recordações. Mesmo às mais tristes.
Pouco antes de partir, vi na Ilha casas semelhantes. Eram um pouco diferentes, exibiam as marcas da idade, mas tinham o ar de quem sabe guardar segredos. Curiosamente, vi-as quando passava nessa rua acompanhada dele. As mais belas imagens da cidade, quis o acaso que as visse na sua companhia. Aquelas que guardo na memória e que receio perder sem que possa fazer algo que contrarie o esquecimento. Tenho medo de esquecer. Não porque tenham sido bons momentos, ou porque a sua companhia fosse a ideal. Não. Na realidade, longe do Pátio da Eterna Felicidade, a realidade impera e a beleza consome-se. Mas no seu pátio, no pátio que foi para mim o da Felicidade Eterna, sem fim, consigo ver o passado com a lucidez da memória. Porque, desde sempre, o tempo, na crueldade da sua passagem, foi adocicando as memórias que guardo desse período.
Sim, ele existe. Não foi coisa que tivesse capacidade de inventar.
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