Numa soalheira tarde de Inverno, a leitora, sentada à sua secretária, sentiu um piscar de olho de Dino Buzzati. Quando a noite fria chegou, a leitora decidiu-se finalmente a abrir o livro e a levá-lo consigo para a lareira (já Calvino dissertara naquele livro cujo título partilha semelhanças com o deste post sobre a necessidade de uma leitura confortável e cómoda). Sentou-se na ponta do sofá, pés apoiados no degrau da lareira, pousou com cuidado o livro nos joelhos e abriu-o, folheando delicadamente as páginas. «I sette messaggeri» é o primeiro dos Sessanta racconti. Leu sozinha em voz baixa, pronunciando vagarosamente os vocábulos italianos, ponderando o significado de cada um. Comoveu-se com a história do príncipe viajante em busca dos limites do seu reino. Leu a sua solidão, a sua morte. Entristeceu pensativamente. Terminou a leitura. Fechou o livro. Levantou-se, olhou as brasas mortas. Saiu da sala. Desapareceu na noite.
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