Tuesday, May 1, 2012

Frase do Dia #29

A propósito dos livros velhos (re)encontrados no escritório e dos russos, eis este trecho retirado do mini-livro Contra o Fanatismo de Amos Oz, que foi oferecido, num dia já distante, com o jornal Público:

«O bairro estava cheio de tolstoianos - pessoas que acreditavam na ideologia de Tolstoi -, alguns até tinham o mesmo aspecto e vestiam-se como Tolstoi. Deixavam crescer a mesma barba branca e usavam uma espécie de toga russa cingida por uma corda. Pareciam mais tolstoianos do que o próprio Tolstoi. Quando, pela primeira vez, vi uma fotografia de Tolstoi na contracapa de um dos seus romances, estava convencido de que era alguém do nosso bairro. [...] Deste modo, eram tolstoianos, mas muitos deles tinham saído directamente de um romance de Dostoievski porque tinham uma mente e uma alma muito torturadas, cheias de contradições, de raiva e conflito. Diria até mais: aqueles dostoievskianos tolstoianos pertenciam, na realidade, a uma história de Tchekov. O espírito real do bairro não era nem Tolstoi nem Dostoievski: era Tchekov. A nostalgia de lugares longínquos. Em algum lugar para lá do horizonte estava a amada cidade de Moscovo, Moscovo...»

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