Estou a braços com um longo texto que exige, além de concentração e uma grande força de vontade, ideias. Decidi, portanto, consultar «o oráculo». Ora, «o oráculo» da minha adolescência é o senhor David Lynch, que, por acaso, também escreve livros. Às vezes, quando não está a pintar ou a fazer filmes e outras coisas que tais. Bom, prosseguindo, acho que é a pessoa indicada para falar de IDEIAS. E isto é o que ele tem a dizer sobre o assunto:
«Uma ideia é um pensamento. É um pensamento que contém mais do que se pensa que contém quando se o recebe. Mas, naquele primeiro momento, dá-se uma faísca. Numa banda desenhada, se alguém tem uma ideia, acende-se uma lâmpada. Acontece num instante, tal como na vida.
Seria óptimo se o filme inteiro viesse todo de uma só vez. Mas vem, para mim, em fragmentos. Aquele primeiro fragmento é como a Pedra de Roseta. É a peça do puzzle que indica o resto. É uma peça do puzzle esperançosa.
Em Veludo Azul, foi lábios vermelhos, relvados verdes e a canção - a versão de Blue Velvet, de Bobby Vinton. A coisa seguinte foi uma orelha caída num campo. E foi tudo.
Uma pessoa apaixona-se pela primeira ideia, por aquele pedacinho minúsculo. E, depois de a ter, o resto há-de vir com o tempo.»
[Retirado de Catching The Big Fish (Em Busca do Grande Peixe, ed. Estrela Polar)]
Espero que tenhas razão, ó David. Espero que o tempo traga o resto da ideia depressinha!
Nota ao título: Refiro-me ao espadarte, peixe pescado pelo Velho, personagens de O Velho e o Mar de Ernest Hemingway. Agora somem dois mais dois e retirem um sentido do título. -.-
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