foi com esse quadro que sonhei naquela noite.
mas era natural, pois nessa noite finalmente repousara em casa depois da viagem a Veneza.
Veneza, que anos antes me fascinara à chegada.
mal pus os pés fora da estação e me depararei com o canal, tive consciência que, de facto, a cidade existia.
é algo que me acontece com frequência.
só compreendo que determinadas coisas existem quando entram pelos olhos dentro.
por isso tenho errado tanto.
com as pessoas principalmente.
(isso é o que mais me preocupa.)
li algures uma vez que os japoneses são exímios em valorizar o erro.
consideram-no algo positivo, dizem que impulsiona o processo evolutivo.
é uma oportunidade de aprendizagem.
nós, em contrapartida, condenamo-lo, reprimimo-lo e desprezamos todo o fracasso.
também já interiorizei essa ideia.
e por isso tenho pavor de falhar.
e, ao sentir-me assim, sei-me incompetente.
incompetente porque não tenho capacidade para lidar com o fracasso.
sinto-me débil, susceptível.
e creio que é isso que se sente quando se tem medo.
e eu tenho muito medo.
e quanto mais medo tenho, mais medo de ter medo sinto.
porque o medo é paralizante.
há quem diga que o medo não é tão mau, pois faz-nos ponderar e pensar.
talvez seja verdade.
impede a impulsividade.
e ao sermos impulsivos incorremos, frequentemente, no erro.
e já sabemos o que o erro, entre nós, implica.
não é o Império das Luzes. mas podia ser
24 de Outubro de 2005
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