... Tens de ir embora à pressa do trabalho, esqueces-te do guarda-chuva, sais do metro e apanhas uma molha descomunal, porque o céu abriu comportas no momento que saiste das entranhas da terra.
Não sendo suficiente, pegas no carro mais tarde, e, chovendo bastante e encontrando-se os pneus a necessitarem de ser trocados, vais conduzindo devagar, sempre atenta aos veículos da frente, que insistem em caminhar a passo de caracol e apanhar todos os semáforos vermelhos.
Ligas o rádio, para tentar distrair-te - porque estás mesmo deprimida - e passar o tempo que perdes à espera que os sinais abram. Mal a música começa a tocar, reconheces que é Radiohead, do álbum OK Computer. A letra surge-te como por automatismo - o que te irrita -, mas esperas que pare de tocar e seja substituída por outra coisa. Quando ainda tens colado na cara um esgar semi-irónico, começa a tocar outra (!!!) música de Radiohead. Aí, solta-se um sonoro «foda-se». Sai tão alto que o condutor que está na faixa do lado, à espera que o sinal abra, olha na tua direcção e vê-te esbracejar. Apetece-te mandá-lo à merda, mas está verde e avanças.
Já no regresso a casa, vais ao Burger King - é o sítio que tem uma fila menor e o que tu queres é ir para casa, meter-te debaixo das mantas e praguejar. Pedes para levar e dizes que queres aros de cebola. O rapaz acena que sim, que anotou. Recebes a tua comida, pagas e vens embora. Chegas a casa, abres a merda do saco e descobres que te mandou batatas em vez da cebola. Nessa altura estás tão cansada que te borrifas para essa merda toda e comes consoladamente a porcaria do hamburguer e as batatas já frias.
E só pensas no dia merdoso que foi.
Friday, January 11, 2013
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