Faz hoje 15 anos que Ayrton Senna da Silva morreu. Recordo-me bem desse dia. Era domingo e eu estava de vestidinho branco algures junto da igreja cá do sítio, pois celebrava-se a festa da padroeira. Era também o Dia da Mãe, como sucede habitualmente no primeiro domingo de Maio. Lembro-me do meu pai me ter dado a notícia e de ter ficado bastante triste. Custava a acreditar que aquele senhor simpático tivesse falecido, aquele senhor de sorriso afável que contrastava tão abertamente com o moço da azulinha Benetton, o “sapateiro” Michael.
Nesse dia ainda, recordo as imagens que passaram várias vezes na televisão - na RTP – com o monolugar a embater brutalmente contra a parede de betão, na curva Tamburello, em Imola, no Grande Prémio de San Marino. Dizem que o carro entrou na curva a mais de 300 quilómetros por hora, mas que, ainda assim, desde que iniciara a derrapagem, o piloto conseguira reduzir a velocidade para uns 200 quilómetros por hora. Porém, não foi o suficiente para conseguir evitar a colisão.
Vem-me à memória também o funeral, visto do ar. Esse vi-o em casa da minha avó, creio que à hora de almoço, antes de voltar para a escola. Um grande aparato em torno do carro funerário, ladeado por muitas motas.
Hoje, enquanto lia o Público, a propósito dos 15 anos da morte de Senna, fiquei a saber da ligação do piloto a Portugal, pois refere-se que o brasileiro seria o sócio 13.123 do Belenenses. Pensei para comigo, com alívio, que bom que era que Ayrton Senna se tivesse dedicado à Fórmula 1 e não ao futebol…
Há cerca de ano e meio, tive a oportunidade de conhecer o sobrinho de Ayrton Senna, de seu nome Bruno Senna. Fora a Macau para participar no Grande Prémio. Foi uma festa. O rapaz por lá andou, nos dias que antecederam a prova e em que já se podia escutar o barulho dos motores dos carros e das motas ao acordar (eu morava perto da famosa curva do Lisboa, onde alguém acaba sempre por se espatifar, normalmente algum maluco de mota).
No dia das classificativas, o rapaz mal deu umas voltinhas ao circuito da Guia. Estragou o carro. Não deve ter chorado mais por isso, parece-me. Quanto a mim, também não me surpreendeu muito. O rapaz foi uma pequena desilusão. Completamente desprovido de carisma, pouco tinha que ver com o tio. E o talento para a condução, também não parece abundar. Não tem mãozinhas para aquilo. E nisto do desporto automóvel, é um bocado como o piano: ou se tem mãos e talento, ou não. E mais nada.
Nesse dia ainda, recordo as imagens que passaram várias vezes na televisão - na RTP – com o monolugar a embater brutalmente contra a parede de betão, na curva Tamburello, em Imola, no Grande Prémio de San Marino. Dizem que o carro entrou na curva a mais de 300 quilómetros por hora, mas que, ainda assim, desde que iniciara a derrapagem, o piloto conseguira reduzir a velocidade para uns 200 quilómetros por hora. Porém, não foi o suficiente para conseguir evitar a colisão.
Vem-me à memória também o funeral, visto do ar. Esse vi-o em casa da minha avó, creio que à hora de almoço, antes de voltar para a escola. Um grande aparato em torno do carro funerário, ladeado por muitas motas.
Hoje, enquanto lia o Público, a propósito dos 15 anos da morte de Senna, fiquei a saber da ligação do piloto a Portugal, pois refere-se que o brasileiro seria o sócio 13.123 do Belenenses. Pensei para comigo, com alívio, que bom que era que Ayrton Senna se tivesse dedicado à Fórmula 1 e não ao futebol…
Há cerca de ano e meio, tive a oportunidade de conhecer o sobrinho de Ayrton Senna, de seu nome Bruno Senna. Fora a Macau para participar no Grande Prémio. Foi uma festa. O rapaz por lá andou, nos dias que antecederam a prova e em que já se podia escutar o barulho dos motores dos carros e das motas ao acordar (eu morava perto da famosa curva do Lisboa, onde alguém acaba sempre por se espatifar, normalmente algum maluco de mota).
No dia das classificativas, o rapaz mal deu umas voltinhas ao circuito da Guia. Estragou o carro. Não deve ter chorado mais por isso, parece-me. Quanto a mim, também não me surpreendeu muito. O rapaz foi uma pequena desilusão. Completamente desprovido de carisma, pouco tinha que ver com o tio. E o talento para a condução, também não parece abundar. Não tem mãozinhas para aquilo. E nisto do desporto automóvel, é um bocado como o piano: ou se tem mãos e talento, ou não. E mais nada.
O momento em que tira o ténis branco para sentar no carro do "titio"
Mal me lembro de o ver em pista, agora que penso melhor. A recordação mais marcante do moço é ele a tirar os ténis para entrar dentro do antigo monolugar do tio, que é peça central do Museu do Grande Prémio de Macau. O tio era mais pequeno. E mais maneirinho. E nisto dos monolugares, ser “piqueno” é ponto a favor. Deve ter sido por isso que na sua breve passagem pela Fórmula 1, Alex Wurz, embora bem jeitoso, nunca tenha ido muito além nas corridas de monolugar, ainda que fosse o presidente do sindicato dos pilotos: era, no seu tempo, o mais alto, com cerca de 1,86 m e pesadote, indo além dos 80 quilos. A constituição do moço não ajudava. Mas não deixava de ser bem bonito, é de frisar. Loiro, olhos azuis penetrantes e um sorriso terno e suave faziam dele – a meu ver – um bom partido.
Rebuscando um pouco mais o baú das memórias da F1, vem-me à mente o ano de 1999. Ano fatídico para “Schummi”. Corria o querido mês de Agosto, quando, em Silverstone, o já na época bi-campeão de Fórmula 1, ao volante de um Ferrari, se despista e acaba no meio da barreira de protecção de pneus. Nesse dia o senhor apenas partiu uma perna, mas um dos bombeiros presentes foi atingido por um dos pneus que saltou com o impacto, tendo acabado por falecer. Por sua vez, o título de campeão do alemão “foi para o galheiro”, como se costuma dizer nos meios populares.
Ironicamente encontrava-me no Brasil, eu que nunca tivera muita estima por Schumacher. No ano em que Senna falecera, ele saiu a ganhar: sem a concorrência do brasileiro, o alemão acabaria por conquistar o seu primeiro título mundial. O primeiro de sete, o que faria de “Schummi” alguém ainda maior que o argentino Juan-Manuel Fangio, que até 2001 era o único piloto a ter alcançado a fasquia dos cinco títulos na F1.
Com Schumacher de fora, o campeonato animou-se um pouco e a certa altura havia quatro potenciais candidatos ao título. Contas feitas, se as coisas corressem bem a cada um deles, era matematicamente possível ver Eddie Irvine, Heinz-Harald Frentzen, David Coulthard ou Mika Hakkinen levar para casa o cobiçado troféu. O ragazzo irlandês da scuderia italiana esteve bem próximo disso. E era por Irvine que eu torcia. Por Irvine, ou por Frentzen, um moço alemão bem apessoado que já fora da mesma equipa de Schumacher em tempos idos. Infelizmente, o irlandês não parecia talhado para campeão e na prova final do campeonato de 1999, no Japão, deitou tudo a perder, atirando para o colo do finlandês o título de campeão mundial de Fórmula 1.
Ah, aquele foi um bom ano. Não me recordo de ver tanta gente “à cata” do título. Foi mesmo emocionante, diria. Mas esses tempos já acabaram. Os pilotos do tempo de Senna foram-se retirando da modalidade e também o meu entusiasmo foi esmorecendo. Foram-se Gerhard Berger, Jean Alesi, Johnny Herbert, Damon Hill, Mika Hakkinen, Eddie Irvine, Heinz-Harald Frentzen e mesmo Michael Schumacher. Em memórias passadas ficam outros nomes sonantes, como o de Alain Prost, do bobby Nigel Mansell e também de Niki Lauda. Eram outros tempos, eram. O tempo em que as partidas eram aparatosas, em que sempre alguém ficava para trás logo na primeira curva, mas ninguém se aleijava muito. E nós cá em casa ficávamos agarrados à televisão, sempre na expectativa, à espera de ver quem seria o bravo que cortaria a linha da meta em primeiro. Belos tempos esses. Belos. Mas idos.