Tuesday, December 27, 2011

Frase do Dia #25

Sobre a claustrofobia. (Seja de onde for que vem.)

« [...] ficas de pé, mas enterras-te até aos tornozelos, vais-te embora depressa, tens medo de ficar enterrado até às canelas, até aos joelhos, até às coxas, corres o risco de ficar enterrado nesta duna, esta duna que parece um túmulo, com o ranger ameaçador da areia, parecendo dizer que vai sepultar tudo, já submergiu as margens do rio, vai sepultar a cidade, sepultar as minhas/tuas recordações de infância, não tem boas intenções [...]» 

Palavras de Gao Xingjan, Uma Cana de Pesca Para o Meu Avô.

Saturday, December 17, 2011

I don't believe in such thing as coincidences


Mas foi. Três meses certinhos entre posts (é só ver a data de publicação dos dois anteriores). Meses de descanso e de trabalho sem paradoxo: de desemprego e duras tarefas domésticas. Ai de quem escarneça das donas de casa! O seu trabalho é como o livro de Calvino*: nunca acaba. (*Suspiro profundo*)

* Esse, o tal dos viajantes no Inverno, ou coiso que o valha. 

À espera (não no centeio)*



Lá vão mais uns quantos meses - talvez mesmo um ano - até que chegue a terceira parte da história. A 5 de Dezembro, Lars Martinson, o talentoso senhor autor (sem ironias de qualquer espécie), anunciou no Twitter que havia completado a página 34 das 115 que planeia ilustrar. Parece que além de autor, é também uma pessoa com vida própria, sujeito às vicissitudes da vida - o contrário daquilo que pareciam incutir nas minhas aulas de Português A (brrrr, um arrepio na espinha ao pensar NESSAS aulas) - e que com a mudança para o Japão e o novo trabalho, ficou com menos tempo para se dedicar ao livro. E com isso, continuo eu à espera.  Confortavelmente à espera.

*Bem sei, os meus trocadilhos/piadas secas são brilhantes. -.-

Saturday, September 17, 2011

Frase do Dia #24

Rebuscando velhos escritos, encontrei registos do meu «projecto» «Kama Sutra desmistificado», um work in progress:

«Quando um dos amantes segura ambos os lábios do outro entre os seus, chama-se "beijo preso". Contudo, uma mulher apenas recebe este tipo de beijo de um homem que não tenha bigode.»

Assim falava Vatsyayana, o autor de Kama Sutra. -.-

Monday, August 15, 2011

Frase do Dia #23

«When we are too old to make love, we'll make wonderful soup!»

Um dito destes só poderia ser proferido por René, o dono do café em Allô, Allô. E serve sempre o propósito de animar o dia e despertar os sorrisos. Bom dia, alegria!

Sunday, August 14, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #11

Já era altura de colocar aqui mais um postal de um dos filmes que mais gosto e que tem de tudo: tem Jeanne Moreau, diferentes tipos de amor e um bom enredo. (Sem spoilers). Vi-o pela última vez há cerca de 5 anos. E ainda recordo a forma como Jules, Jim e Catherine e a sua relação me marcaram. Querem saber mais? Consultem a  imdb. -.- Quanto a mim, irei recordar-me do momento em que Catherine canta para os dois homens.

Frase do Dia #22

Editado pela Fenda em 2005, Naïf. Super. é um livrinho bastante simples mas que muito prazer me deu ler. As minhas listas antecedem a sua leitura, assim como a realização de um balanço vivencial. E, tal como o rapaz, o protagonista, também eu pedalo sempre que posso. (Acho que são motivos suficientes para me ter identificado um pouco com o moço.)

Escreve então Erlend Loe, colocando as palavras na voz do protagonista:

«Em que é que acreditam?
Eu acredito que ninguém deve estar sozinho. Que se deve estar com alguém. Com amigos. Com a pessoa que se ama. Eu acho que é importante amar. Acho que é o mais importante.»

E tudo isto porque ontem martelei ao montar um móvel IKEA. God bless the Scandinavian people. -.-

Tuesday, August 2, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #10

Provavelmente a melhor perseguição automóvel que o cinema alguma vez viu. Com São Francisco como pano de fundo e muitas guinadelas.

(E é apenas uma das melhores perseguições porque não entra nenhum Mini, claro. -.-)

Tuesday, July 19, 2011

Frase do Dia #21

Lida na ressaca de uma potente anestesia depois de uma alucinação que me transportou até algumas das mesas de jogo mais famosas do mundo. Via The Catcher in the Rye - evita-se a manhosa tradução portuguesa - pela pena de JD Salinger, escritor do Não relembrado através de Vila Matas. A frase em questão figura na última página do livro, mesmo no finalzinho.

«É esquisito. Nunca contem nada a ninguém. Se contam, acabam por ter saudades de toda a gente.»

Sunday, June 26, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #9

Ah, Dustin, eu também queria estar na piscina!


Ou praia, varanda, espreguiçadeira... algures com um livrinho a tomar banhos de sol.

Friday, June 24, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #8

Ah, férias! Bem necessitada delas estou.



Um passeio de Vespa por Roma e um novo corte de cabelo vinham  mesmo a calhar.

Thursday, June 23, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #7

A ver se a «magia» destes postais funciona no dia de hoje. A propósito de tristeza que faz sorrir, lembrei-me deste filme, um dos que mais gosto: Wilbur Wants To Kill Himself.



Wilbur bem que se quer matar, mas não consegue. Falhou tantas vezes ao ponto de cada regresso ao hospital mais que embaraçoso, se tornar ridículo.

Saturday, June 18, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #6

Às vezes dou por mim a trautear a cantiga e a pensar num Marshmellow Man gigante. Ah, o ser-se piqueno...

«If there's something strange in your neighborhood. You ya gonna call?
GHOSTBUSTERS!»

Thursday, June 16, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #5

A questão que se coloca esta manhã, aqui proferida por Dirty Harry. Faço minhas as suas palavras.

«Do you feel lucky, punk?»

Wednesday, June 15, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #4

Postal a propósito de prazos de validade e outras coisas que tais. 



Respondendo à pergunta do rapaz, se o amor tem prazo de validade, como as latas de pêssego, ou outra fruta em conserva: rapaz, o amor não vem enlatado e não se compra no supermercado. Agora soma dois mais dois e verifica se o resultado desta equação é quatro. -.-

Sunday, June 12, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #3

Nunca um postal fez justiça ao título da série de posts como este:


Só falta John Cleese and the world deadliest joke!

Friday, June 10, 2011

À procura de um grande espadarte #1

Estou a braços com um longo texto que exige, além de concentração e uma grande força de vontade, ideias. Decidi, portanto, consultar «o oráculo». Ora, «o oráculo» da minha adolescência é o senhor David Lynch, que, por acaso, também escreve livros. Às vezes, quando não está a pintar ou a fazer filmes e outras coisas que tais. Bom, prosseguindo, acho que é a pessoa indicada para falar de IDEIAS. E isto é o que ele tem a dizer sobre o assunto:

«Uma ideia é um pensamento. É um pensamento que contém mais do que se pensa que contém quando se o recebe. Mas, naquele primeiro momento, dá-se uma faísca. Numa banda desenhada, se alguém tem uma ideia, acende-se uma lâmpada. Acontece num instante, tal como na vida.
Seria óptimo se o filme inteiro viesse todo de uma só vez. Mas vem, para mim, em fragmentos. Aquele primeiro fragmento é como a Pedra de Roseta. É a peça do puzzle que indica o resto. É uma peça do puzzle esperançosa. 
Em Veludo Azul, foi lábios vermelhos, relvados verdes e a canção - a versão de Blue Velvet, de Bobby Vinton. A coisa seguinte foi uma orelha caída num campo. E foi tudo.
Uma pessoa apaixona-se pela primeira ideia, por aquele pedacinho minúsculo. E, depois de a ter, o resto há-de vir com o tempo.»

[Retirado de Catching The Big Fish (Em Busca do Grande Peixe, ed. Estrela Polar)]

Espero que tenhas razão, ó David. Espero que o tempo traga o resto da ideia depressinha!

Nota ao título: Refiro-me ao espadarte, peixe pescado pelo Velho, personagens de O Velho e o Mar de Ernest Hemingway. Agora somem dois mais dois e retirem um sentido do título. -.-

Thursday, June 9, 2011

Se numa noite de quase verão uma leitora #1

A propósito do prazer da leitura, um excerto que muito aprecio por Italo Calvino - um Nobel que nunca o foi - retirado de Se una notte d’inverno un viaggiatore (ed. Mondadori).

Uma tipologia de livros perfeitamente válida:

«Già nella vetrina della libreria hai individuato la copertina col titolo che cercavi. Seguendo questa traccia visiva ti sei fatto largo nel negozio attraverso il fitto sbarramento dei Libri Che Non Hai Letto che ti guardavano accigliati dei banchi e dagli scaffali cercando d’intimidirti. Ma tu sai che non devi lasciarti mettere in soggezione, che tra logo s’estendono per ettari ed ettari i Libri Che Puoi Fare A Meno Di Leggere, i Libri Fatti Per Altri Usi Che La Lettura, i Libri Già Letti Senza Nemmeno Bisogno D’Aprirli In Quanto Apartenenti Alla Categoria Del Già Letto Prima Ancora D’Essere Stato Scritto. E così superi la prima cinta dei baluardi e ti piomba addosso la fanteria dei Libri Che Se Tu Avessi Più Vite Da Vivere Certamente Anche Questi Li Leggeresti Volontieri Ma Purtroppo I Giorni Che Hai Da Vivere Sono Quelli Qui Sono. Com rapida mossa li scavalchi e ti porti in mezzo alle falangi dei Libri Che Hai Intenzione Di Leggere Ma Prima Ne Dovresti Leggere Degli Altri, dei Libri Troppo Cari Che Potresti Aspettare A Comprarli Quando Saranno Rivenduti A Metà Presso, dei Libri Idem Come Sopra Quando Verranno Ristampati Nei Tascabili, dei Libri Qui Potresti Domandare A Qualcuno Se Te Li Presta, dei Libri Che Tutti Hanno Letto Dunque È Quase Come Se Li Avessi Letti Anche Tu. Sventando questi assalti, ti porti sotto le torri dei fortilizio, dove fanno resistenza
i Libri Che Da Tanto Tempo Hai In Programma Di Leggere,
i Libri Che Da Anni Cercavi Senza Trovarli,
i Libri Che Riguardano Qualcosa Di Cui Ti Occupi In Questo Momento,
i Libri Che Vuoi Avere Per Tenerli A Portata Di Manno In Ogni Evenienza,
i Libri Che Potresti Mettere Da Parte Per Leggerli Magari Quest’Estate,
i Libri Che Ti Mancano Per Affiancarli Ad Altri Libri Nel Tuo Scaffale,
i Libri Che Ti Ispirano Una Curiosità Improvvisa, Frenetica E Non Chiaramente Giustificabile.
Ecco che ti è stato possibile ridurre il numero illimitato di forze in campo a un insieme certo molto grande ma comunque calcolabile in un numero finito, ache se questo relativo sollievo ti vieni insidiato dalle imboscati dei Libri Letti Tanto Tempo Fa Che Sarebbe Ora Di Rilerggerli e dei Libri Che Hai Sempre Fatto Finta D’Averli Letti Mentre Sarebbe Ora Di Decidessi A Leggerli Davvero.
Ti liberi con rapidi zig zag e penetri d’un balzo nella cittadella delle Novità Il Cui Autore O Argomento Ti Attrae. Anche all’interno di questa roccaforte puoi praticare delle brecce tra le schiere dei difensori dividendole in Novità D’Autori O Argomenti Non Nuovi (per te o in assoluto) e Novità D’Autori O Argomenti Completamente Sconosciuti (almeno a te) e definire l’attrativa che esse esercitano su di te in base ai tuoi desideri e bisogni di nuovo e di non nuovo (del nuovo che cerchi nel non nuovo e del non nuovo che cerchi nel nuovo).
Tutto questo per dire che, percorsi rapidamente con lo sguardo i titoli dei volumi esposti nella libreria, hai diretto i tuoi passi verso una pila di Se una notte d’inverno un viaggiatore freschi di stampa, ne hai afferrato una copia e l’hai portata alla cassa perché venisse stabilito il tuo diritto di proprietà su di essa.» 

Monday, June 6, 2011

Ratão, um amigão

Será do tempo, talvez: hoje sinto-me cinzenta. Vale-me a companhia do rato de biblioteca, Ratão de seu nome. Aqui fica o retrato do bicho que me acompanha nestes dias:


Obrigada, Ratão, por seres meu amigo! -.-

Sunday, June 5, 2011

Frase do Dia #20

Ainda a propósito de Roma, Cidade Eterna, desta vez por Luigi Pirandello, em O Falecido Mattia Pascal (ed. Cavalo de Ferro).

«- Porque vive em Roma, senhor Meis?
- Porque gosto de cá viver...
- E, no entanto, é uma cidade triste - observou ele, abanando a cabeça. - Muita gente se admira com o facto de nenhum empreendimento aqui resultar, de nenhuma ideia criativa ganhar raízes. Mas essas pessoas maravilham-se porque não querem reconhecer que Roma está morta.
- Roma também está morta?! - exclamei, consternado.
- Há muito tempo, senhor Meis! E é vão, acredite, todo e qualquer esforço para a fazer reviver. Fechada no sonho do seu passado majestoso, já não quer saber desta vida mesquinha que se obstina a formigar à sua volta. Quando uma cidade teve uma vida como Roma, com características tão especiais, não pode tornar-se uma cidade moderna, ou seja, uma cidade como outra qualquer. Roma jaz, com o seu grande coração despedaçado, da parte de trás do Campidoglio. Serão porventura de Roma estas casas novas? Olhe, senhor Meis. A minha filha Adriana falou-me da pia de água benta que estava no seu quarto, lembra-se? A Adriana tirou-a do seu quarto, mas no outro dia caiu-lhe das mãos e quebrou-se. Sobrou apenas a conchinha, que está agora no meu quarto em cima da minha escrivaninha, e que eu destinei ao uso que o senhor inicialmente, de maneira distraída, lhe deu. Pois bem, senhor Meis, o destino de Roma é semelhante. Os papas fizeram dela - a seu modo, claro está - uma pia de água benta; nós italianos fizemos dela - a nosso modo - um cinzeiro. Viemos de todos os lados do país para sacudir para dentro dela as cinzas do nosso charuto, que é, de resto, o símbolo da frivolidade desta nossa vida misérrima e do amargo e venenoso prazer que ela nos dá.»

Saturday, June 4, 2011

Frase do Dia #19



Roma, a cidade das ilusões. Roma segundo Gore Vidal:

«Gosto dos romanos. Não se importam se vivem ou morrem. São como os gatos. E esta é a cidade das ilusões. É uma cidade, antes de tudo, da Igreja, do governo, do cinema. Todos fabricantes de ilusões. (...)  Qual lugar melhor que esta cidade, que já morreu tantas vezes, e ressuscitou tantas vezes, para ver o verdadeiro final através da poluição e superpopulação? Parece-me o lugar perfeito para ver se acabamos ou não.»

(Recuperado de Roma de Fellini, 1972)

Sunday, May 15, 2011

Frase do Dia #18

A frase do dia de hoje é mais que uma frase. É um trecho. Esta estava fora dos post-it's velhos que habitavam as gavetas da secretária de estudo há anos. Lembrei-me de Milan Kundera, um parágrafo que sublinhara em A Lentidão e fui à fonte buscá-lo. Não foi preciso procurar muito. As frases lá estavam, assinaladas a lápis.

«...o homem inclinado para a frente na sua motorizada só pode concentrar-se no segundo presente do seu voo; agarra-se a um fragmento do tempo cortado tanto do passado como do futuro; é arrancado à continuidade do tempo; está fora do tempo; por outras palavras, está num estado de êxtase; nesse estado, nada sabe da sua idade, nada da mulher, nada dos filhos, nada das suas preocupações e, portanto, não tem medo, porque a fonte do medo está no futuro, e quem se liberta do futuro nada tem a temer.»

(O livro leu-se há anos e ainda hoje este pensamento permanece na memória.)

Monday, May 9, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #2 meets Frase do Dia #17

Duas categorias cruzaram-se num post e eis o resultado.


Chegou há poucos dias, trouxe-o o senhor carteiro - não a cegonha -, no meio da luz e cita Camus (rima, hein?).

Sunday, May 8, 2011

Numa rua de Lisboa... #2

Há alguns dias que passo na mesma rua e esta plaquinha, estrategicamente colocada na rua, no sentido dos transeuntes, tinha já despertado a minha atenção. O texto faz-me lembrar aqueles anglicismos e/ou galicismos que acrescentamos à nossa cara língua lusa e que escrevemos como ouvimos.  



Uma espécie de «pudim», que na verdade é «pudding». -.-

Saturday, May 7, 2011

Numa rua de Lisboa... #1

Pedindo desculpa aos amáveis visitantes que nada têm visto por aqui nos últimos dias, colmato esta ausência com um anúncio com o qual me deparei há dois dias, numa qualquer rua de Lisboa.


Suspeito que o fundador deste negócio, na sua juventude, não perdia um episódio das Tartarugas Ninja. -.-

Monday, May 2, 2011

Frase do Dia #16

É impossível não voltar a Umberto Eco. E nos dias difíceis como são as segundas, sabe bem pensar no que disse O Mestre no seu clássico, O Nome da Rosa:

«O máximo que se pode fazer é ver melhor.»

E assim falava Guilherme de Baskerville ao seu pupilo Adso de Melk. (Que é como quem diz, dizia Sir Sean Connery ao imberbe Christian Slater)

Saturday, April 30, 2011

Frase do Dia #15

Desde que me foi ofertado, em Maio de 1997, OK Computer, de Radiohead, que nunca mais deixei de ouvir a banda. Apesar de quase todos os amiguinhos me dizerem que se trata de musiquinha para cortar os pulsos, discordo peremptoriamente dessas opiniões. Como já aqui demonstrei, os moços até deixam passar algumas mensagens de esperança. Como - mais ou menos - esta, retirada de Packed Like Sardines In A Crushed Tin Box, incluída em Amnesiac, álbum de 2001.

«After years of waiting
nothing came
And you realize you're looking, looking in the wrong place»

É só virar os olhos para outro lado e procurar melhor!

Friday, April 29, 2011

Frase do Dia #14

Quando eu era jovem, via muitos filmes de realizadores de comportamento estranho, como já por aqui se falou. Além do senhor Lynch, devorava visualmente muitos filmes do senhor Lars von Trier. Para quem não compreende a sua filmografia, aqui fica uma dica, retirada de uma entrevista lida há alguns anos:

«... deep deep deep down you know that you are one hundred and ninety thousand per cent lonely in your own itsy-bitsy, stupid, idiotic, humiliating world.»

Não é preciso ser-se psicanalista para perceber que o senhor teve (tem!) problemas. É só pensar no Antichrist. -.-

Thursday, April 28, 2011

Frase do Dia #13

Podia criar a categoria "David Lynch descodificado", dada a quantidade de afirmações explicativas proferidas pelo realizador que fui reunindo em determinado momento da minha vida. Esta é mais uma. E diz o senhor:

«I regard the instant as more important than the whole

Está desvendado o segredo: os filmes não fazem mesmo sentido no seu conjunto. -.-

Wednesday, April 27, 2011

Frase do Dia #12

A Misteriosa Chama da Rainha Loana - romance de Umberto Eco de que já aqui falei -  que conta a história de um alfarrabista que perde a sua memória está cheio de coisas citáveis (se é que a palavra existe). A propósito da capacidade de recordar, apanhei esta:

«Só eu sei a verdade: esquecer é atroz. Existem drogas para recordar?»

Mesmo as más recordações contêm um propósito. Pelo menos, quero acreditar que sim.

Tuesday, April 26, 2011

Frase do Dia #11

As cantigas também são boas para delas se extrair alguns ensinamentos. Esta é particularmente catita, pois o seu título é muito elucidativo: Optimistic, uma das faixas de Kid A, esse grande álbum dessa importante banda, de importantes senhores, Radiohead. Este trecho costumava estar escrito algures num pequeno placard de cortiça acima da secretária onde estudava e redigia os trabalhos académicos.

«If you try the best you can
the best you can is good enough»

Sara Peres, a escutar Radiohead desde 1997.

Monday, April 25, 2011

A postcard a day keeps the sadness away #1

O meu amor pelos postais é já mundialmente conhecido (não é difícil, dado que tenho um outro blogue em que se reafirma esta paixão assolapada e porque também já o afirmei publicamente no site de Postcrossing). O que não se sabe é da minha colecção privada (é chique a valer! Parece que tenho Picassos em casa!) de postais de cinema. Ele há de tudo: é posters de filmes, actores, cenas de filmes, festivais de cinema, e muitas outras coisas que tais.

Para fazer o mundo feliz, decidi partilhar com vocês os exemplares da minha colecção. O primeiro já aqui se falou dele, a propósito de outras lides que também aprecio, nomeadamente, escrever e ver filmes. 

Dolls - do filme de Takeshi Kitano, de 2002


Sunday, April 24, 2011

Frase do Dia #10

Umberto Eco é um senhor que, apesar da sua idade avançada, sempre esteve muito presente na minha vida, desde que em tenra idade li e vi O Nome da Rosa. Era jovem, eu, e ingénua - naturalmente - e não imaginava que iria conviver durante muitos anos com Umberto, O Semiólogo. Porém, a frase de hoje foi retirada de A Misteriosa Chama da Rainha Loana, o penúltimo romance de Eco.

«(...) somos loucos sempre em relação à norma dos outros.»

Não existem donos da verdade, pois não?

Saturday, April 23, 2011

Frase do Dia #9

Deveria designar-se a quadra do dia. São aquelas palavrinhas que aparecem no final do filme Dancer in the Dark, de Lars von Trier. Não terão sido escritas por Sjón, o autor da letra da canção I've Seen It All, embora me recordem sempre d'A Raposa Azul.

«They say it's the last song
They don't know us you see
It's only the last song
If we let it be»

(Daqui aproveita-se a boleia e recomenda-se a leitura do livro acima mencionado, editado no ano passado pela Cavalo de Ferro)

Friday, April 22, 2011

Frase do Dia #8

O homem que me deu a "volta à cabeça" aos 15 anos: David Lynch. E dizia ele em entrevista, consolando-me por não perceber alguns dos seus filmes, particularmente Lost Highway:

«Everything makes sense. But maybe not the same sense for everyone.»

Faz sentido. -.-

Thursday, April 21, 2011

Frase do Dia #7

Hoje, num dia chuvoso, deixo-vos com Albert Camus. Frase retirada num passeio em Amesterdão, talvez com chuva, até, algures n'A Queda.


«É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte


Isto dito num monólogo que aparenta ser um diálogo.

Thursday, April 14, 2011

Frase do Dia #6

Uma triste notícia encerrou o dia de ontem. Fica esta declaração de Eduardo Lourenço, lida numa entrevista ao Expresso, creio, há alguns anos.

«...o essencial é atravessar a vida sem magoar os outros e sem que os outros nos magoem.»

Desde então tento - mas falho muito, infelizmente - viver de acordo com o que este mestre disse.

Wednesday, April 13, 2011

Frase do Dia #5

Bom, regressando às leituras que mais dão prazer. Esta frase é "velhinha", no sentido em que há muito tempo que nela reparei. Colhi-a em O Velho e o Mar, o clássico de Ernest Hemingway, e parece-me que é o tipo de citação que necessito para iniciar o dia:

«A sorte é coisa que vem de muitas formas. Quem sabe reconhecê-la?»

Reflectia assim o Velho enquanto esperava conseguir pescar o grande espadarte. E mais não conto, porque não avisei anteriormente sobre o perigo deste blogue conter spoilers.

Tuesday, April 12, 2011

Frase do Dia #4

Foi ao estudar - talvez pelo tédio que por vezes inundava as salas silenciosas onde estudava - que encontrei alguns dos ditos mais preciosos. Este é mais um encontrado durante a leitura de Elementos de Filosofia Moral, de James Rachels, filósofo americano.

«...a finalidade dos nossos órgãos genitais é a procriação: o sexo serve para fazer meninos.»

Note-se, porém, que o autor apenas ilustrava, assim, um argumento de uma das muitas teorias morais que percorrem o livro. Esta não é a posição pessoal do senhor Rachels.

Monday, April 11, 2011

Frase do Dia #3

Porque razão foi tão noticiado o tsunami no Japão? Em parte talvez se deva à Lei de McLurg (frase também obtida no fantástico manual de comunicação Teorias da Comunicação, de Mauro Wolf):

«Um europeu equivale a 28 chineses; dois mineiros galeses equivalem a 100 paquistaneses.»

E ainda há quem me pergunte se gosto de escrever notícias.

Sunday, April 10, 2011

Frase do Dia #2

A frase de hoje aprendi-a lendo (estudando) um livro conhecido dos estudantes de Comunicação: Teorias da Comunicação, de Mauro Wolf. Algures nas suas páginas, um autor - cujo nome não recordo mais - deixa um ensinamento a reter para qualquer jornalista:

«As notícias deveriam ser como as saias de uma mulher: suficientemente compridas para cobrirem o essencial e suficientemente curtas para reterem a atenção.»

Nunca se esqueçam!

Saturday, April 9, 2011

Frase do Dia #1

Tendo descoberto recentemente um conjunto de post-it's onde foram anotadas diversas frases - pérolas, tal a preciosidade dos ditos - que anotei à medida que ia lendo determinados livros, achei bonito partilhar com os amiguinhos e com os membros da "inteligência colectiva" out there, que é como quem diz, por aí. (1)

Assim sendo, eis a primeira de todas as frases do dia, uma mensagem de esperança (para os portugueses, por exemplo) do Igor Stravinski - esta não sei onde a colhi, ó diabo:

«É importante esperar, saber esperar e não se aborrecer com a espera.»


(1) - É coerência, pois isto é um blogue e aqui produzem-se conteúdos e ao fim e ao cabo, a blogosfera é um dos exemplos da produção colectiva preconizada por um conjunto de indivíduos cuja criação académico-intelectual reside algures na minha secretária, PC e estante - oh my, é o delírio pseudo-intelectual geek/nerd (ainda não consigo distinguir a diferença entre os dois termos) tomando conta de mim!

Tuesday, April 5, 2011

Lista #6: Livros que li algures em 2010 e nos primeiros meses de 2011 - Parte II

(A meio da lista anterior percebi que afinal tinha lido mais uns livrinhos durante estes 14 meses. Seguem os restantes, por ordem alfabética.)

11 - Bartleby, Herman Melville: o escrivão do não, Bartleby é o homem isolado na multidão. Ao contrário das obras iniciais de Melville, com sucesso no seu tempo, Bartleby faz já parte de um conjunto de textos produzidos num período mais sombrio da vida do autor, em que escrevia para tentar sobreviver e não era mais aclamado. Curiosamente, são as obras que não foram aclamadas durante a sua vida, que a memória guardou para a posteridade.

12 - O Livro do Chá, Kakuzo Okakura: incursão à filosofia japonesa a partir do ritual da cerimónia do chá, escrito por um japonês que viveu a maior parte da sua vida entre os ocidentais. Delicado e belo como um jardim de sakuras em flor.

13 - O Falecido Mattia Pascal, Luigi Pirandello: a sinopse, por si só, diz o que é preciso para nos prender ao livro. E foi o que me prendeu parcialmente a este italiano (para mim) desconhecido. Depois veio a escrita de Pirandello e devorou-se o livro num instante. «Witty» é a palavra mais apropriada para descrever o início do livro e a narração de Mattia Pascal, que amadurece à medida que a personagem principal vai também crescendo. Este é, sem qualquer sombra de dúvida, para mim, um dos «greatest books of all time».

14 - Pisar o Risco, Salman Rushdie: foi oferta e não compreendo muito bem porque me foi ofertado. Embora não tivesse tido nenhum contacto com Rushdie, excepto quando jovem me foi dito que Os Versículos Satânicos seriam uma boa prenda para constar de uma biblioteca, abri a mente e os olhos e li-o. Trata-se de um conjunto de textos soltos, ensaios, artigos de opinião publicados em jornais, textos proferidos em conferências, agrupados em torno de dois ou três temas (já não me recordo bem) que contêm frequentemente referências biográficas à vida do senhor Rushdie. Não gostei desta faceta do escritor. Após ter lido o livro "fiquei na mesma". Tê-lo lido não mudou nada e isso nunca é bom sinal, tratando-se de um livro. Apesar de ficar a conhecer com maior detalhe como foi a sua "prisão domiciliária" graças ao Ayatollah e a sua amizade com os U2, que o levou a escrever a letra da cantiga que tem o mesmo nome que um dos livros do senhor - The Ground Beneath Her Feet - é um daqueles livros que facilmente esquecerei que tenho na estante. Porém, devo ser imparcial: o texto inaugural, em que analisa o filme The Wizard of Oz vale a pena. Mas só isso, mesmo.

15 - A Raposa Azul, Sjón: este foi lido em meados de 2010, estou certa, pois recordo-me que o comprei na Feira do Livro de Lisboa, nos primeiros dias de Maio. É pequenino, de um autor islandês, mas a sua verdadeira dimensão reside na grandeza da história. Um pequeno conto que faz uma raposa falar, mas que certamente, pela crueldade dos homens nele descritos, só deve ser lido por adultos. É belo na proporção da fealdade do Homem. (Mas talvez seja suspeita, pois o autor escreveu também as letras do meu musical preferido, Dancer in the Dark.)

16 - O Carteiro de Pablo Neruda, Antón Skarmeta: tenho o péssimo hábito - e já o escrevi e publiquei algures - de ler os livros e ver os filmes. Neste caso, ainda não vi o filme - shame on you!, gritam todos - mas já o li o livro. Quantos de vocês já o terão feito? Pois, foi o que pensei... Gostei de lê-lo. A simplicidade do carteiro Mário fará qualquer um com um coração sorrir.

17 - Paisagem com Grão de Areia, Wislawa Szymborska: foi mais uma incursão na poesia, esta mais difícil, para quem não lia poesia há anos (mas a culpa não é minha: experimentem três anos de Português A com a professora que tive e desenvolvem uma espécie de reflexo condicionado associado à leitura de poesia que vos traz uma sensação terrível, não obstante a harmonia das palavras que estejam a ler - demora anos a ultrapassar!). As palavras da Nobel polaca são doces, mas também irónicas e duras. Um exercício trabalhoso, mas que (re)compensa.

18 - A Mão Ao Assinar Este Papel, Dylan Thomas: uma oferta que abre o espírito. Dylan Thomas recorre a imagens e metáforas belas, mas senti-o sempre sombrio. Tem lugar cativo na mesinha de cabeceira.

19 - A Rosa, Robert Walser: reúne pequenos textos de Walser e expressa na plenitude o seu amor pelos pequenos nadas. É uma boa forma de o conhecer. Depois d'A Rosa, fiquei com sede de Walser. Figura no topo da wishlist literária para depois da tese.

20 - Contos Populares Chineses II, Vários: apesar de "não gostar de pessoas felizes", como disse uma vez ao amigo David, por vezes também necessito de finais felizes não adulterados pela Disney. E é para isso que servem estes contos populares.

Monday, April 4, 2011

Lista #6: Livros que li algures em 2010 e nos primeiros meses de 2011 - Parte I

Não, não me façam mal, a lista é demasiado breve para 14 meses. Sim, bem sei: shame on me, sendo moça que aprecia ler. Talvez me perdoem se disser que creio que a lista está incompleta e se justificar alegando um mestrado que implica demoradas e entediantes leituras? Infelizmente, não me recordo da ordem pela qual foram lidos. Seguem, pois, por ordem alfabética que é mais bonito.

1 - Que Farei Quando Tudo Arde?, António Lobo Antunes: a leitura já havia sido iniciada cerca de cinco anos (!) antes, quando o livro me havia sido ofertado por ocasião do meu vigésimo ou vigésimo primeiro aniversário (não me recordo bem). Na altura li cerca de 100 páginas do livro e, pelas suas dimensões e outras leituras que se impuseram, acabei por não terminar o livro. Finalmente em 2010, nos meses de descanso, li-o todinho de uma assentada e apreciei a escrita do senhor Lobo Antunes em todo o seu esplendor.

2 - O Segredo do Bosque Velho, Dino Buzzati: conheci este autor através do catálogo da Cavalo de Ferro, editora que desde que me deu a conhecer Halldór Laxness sigo com atenção. Passando numa Fnac, à saída, deparo-me com o livro a um preço muito baixo (never underestimate the power of a good book at a low price) e naturalmente não o pude deixar ali: trouxe-o comigo. Foi uma viagem maravilhosa, com personagens mágicas e ventos falantes. Mas aconselhada a graúdos. (Repousa actualmente na mesinha de cabeceira a compilação de contos italiana da Mondadori, Sessanta racconti, igualmente do signor Buzzati.)

3 - O Avesso e o Direito, Albert Camus: foi mesmo adquirido por mim algures em 2009, na altura da Primavera. Pequenino, compilava (e ainda compila!) os primeiros escritos do senhor Camus, o que determinou a compra. Foi lido há pouco tempo, embora não saiba precisar há quanto. Camus teria 22/23 anos (ou uma idade próxima) quando escreveu estes textos. Introduz ele próprio a edição francesa, alguns anos depois, e refere que não se envergonha do que escreveu quando era ainda tão jovem, apesar de se sentir um pouco desconfortável com a nova publicação dos escritos. Apesar da juventude, a luz de Camus já se vislumbra em O Avesso e o Direito. E não deixou de me impressionar com a sua escrita em tão tenra idade.

4 - Um Mover de Mão, Vasco Gato: foi-me recomendado e ofertado. Como tal, conclui que mal não faria voltar à poesia, tantos anos depois. Foi preciso sacudir a poeira dos olhos e do pensamento, mas, efectivamente, correu muito bem. Tão bem, que outros se seguiram. Haja mais mãos e frutos para nos continuar a confortar.

5 - Contos de São Petersburgo, Nikolai Gógol: é mais um livrinho de bolso que a Assírio e Alvim, em conjunto com a Relógio D'Água e a Cotovia me proporcionaram. Reúne de forma prática - para mim - alguns livros que sei que integram parte da colecção Gato Maltês da Assírio. Inclui o famoso conto "O Nariz", assim como "O Capote", que em conjunto ilustram personagens de pouco interesse que centram o seu ser em torno de cada um destes elementos. E é isso que as torna interessantes. Por isso, quando perdem o nariz e o capote sentem-se perdidas e ficam vazias.

6 - Os Passos em Volta, Herberto Hélder: sim, sim, bem sei, clamem mais um sonoro shame on you: não conhecia o Herberto até me ter sido (imposto) dado a ler. Mas foi a mais bela imposição. São belas as suas palavras, belas as suas metáforas, belo, belo, belo.E mais não digo, para que o leiam e sintam com o vosso sentir. Entranha-se e não mais se quer deixá-lo partir. É mantê-lo próximo da mesinha de cabeceira.

7 - Siddharta, Herman Hesse: provavelmente todos já leram o livrinho. Ele andava, desde a altura em que peguei em Marguerita e o Mestre, perdido pelas mesas e estantes de casa, migrando de um lado para outro, à espera que finalmente o lesse. Mas li-o em boa altura, quando a tranquilidade do turbulento percurso de Siddharta era necessária.

8 - O Príncipe, Niccolò Machiavelli: impunha-se, enquanto clássico e só não tinha sido ainda lido, porque ainda não encontrara uma edição "jeitosinha", com um tamanho de letra "jeitosinho" de se ler. No ano passado, fui à Feira do Livro e encontrei a edição da Editorial Presença que possui uma introdução maior que o texto de Machiavelli, com notas de rodapé que preenchem meia página. Fica a dúvida sobre a ironia de Machiavelli caído em desgraça após anos de serviço leal. [Florença não era um sítio fácil naqueles tempos. Que o diga Savonarola (e agora poupo-vos a uma fácil piada mórbida.)]

9 - Tonoharu, Lars Martinson (agora o volume II): saiu no final do ano passado a segunda parte da novela gráfica em quatro volumes da história de um tonto rapaz americano a residir numa pequena cidade japonesa. No final desta parte o rapaz mete-se em trabalhos e vai de férias. Lá vou eu esperar mais um ano para saber o que lhe irá acontecer.

10 - Frankie e o Casamento, Carson McCullers: depois de lido The Heart is a Lonely Hunter, acho que a fasquia estava demasiado alta. Frankie e o Casamento lê-se. Compreendo a narrativa, mas não consegue ser brilhante como o romance anterior.

Thursday, March 31, 2011

Lista #5: As coisas "giras" da biblioteca onde se consomem as horas

Sim (a partir de agora vou começar as minhas frases com um "sim", desde que um amigo me acusou de ser pessimista por começar algumas frases com "não"), as minhas horas de vigília evaporam-se na biblioteca do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. Portanto, eis a listas de coisas giras que há/se vêem/se fazem na biblioteca.

1 - Procrastinar: nem sempre sou eu que o faço. Mas por vezes basta olhar em volta e ver pessoas que olham o vazio da janela, provavelmente à espera que um dos aviões que passa intermitentemente caia. Ou então que uma ideia genial as atinja.

2 - Dar beijinhos ao namorado/a: definitivamente não sou eu. Mas há casais que o fazem. Vêm para a biblioteca dar beijinhos (é um eufemismo, naturalmente) e abracinhos e mostrar ao mundo (bibliotecário, claro) o quanto se amam.

3 - Dormir: descobri que é recorrente entre os utilizadores deste espaço. O que é compreensível. È suposto ser um lugar tranquilo, de temperatura amena. O único inconveniente parece ser mesmo a luz. Do meu ponto de vista, claro.

4 - Jogar jogos de consola: deduzo que fosse isso que o moço estivesse a fazer, dado que tinha um comando igual ao de uma consola na mão e ligado ao computador.

5 - Ver os aviões passar: a biblioteca do ISCTE é ideal para quem gosta de planespotting. Não sei se se aplica a todas as rotas ou apenas a algumas, mas todos os dias passam por cima da Cidade Universitária dezenas de aviões. Contudo, não me parece que seja isso que perturbe as pessoas que aqui estão.

6 - Ler: bem sei que parece uma actividade estranha para se realizar numa biblioteca, mas é verdade, há aqui pessoas a ler - imaginem! - livros.

7 - Fingir estudar: há quem o faça por falta de motivação para se motivar, ou apenas para se enganar a si próprio. (Garanto que não é o meu caso! As páginas escritas comprovam-no!)