Tudo começou há alguns anos durante o exame da cadeira de Comunicação Audiovisual (não seria bem este o nome, creio, mas é irrelevante). O filme era North by Northwest do mestre Alfred Hitchcock e tínhamos de descrever plano por plano uma sequência de poucos minutos, em que vemos a personagem de Cary Grant aproximando-se de uma casa que pensamos ser de Frank Lloyd Wright, ou mesmo de John Lautner. A incógnita despertou o meu interesse e começou a busca por tal casa. Este fim de semana desvendou-se o mistério: a casa não existe. Inspirando-se em Frank Lloyd Wright, o realizador britânico criou-a somente para albergar as cenas finais do seu filme. Não passa por isso, de um mero "prop".
Despertada a curiosidade, acabei por dar de caras com este documentário, Los Angeles Plays Itself. Vale a pena dar uma espreitadela a estas casas, verdadeiras obras de arquitectura. Ainda que muitas vezes sejam maltratadas pelos argumentos que as albergam.
Tuesday, April 14, 2009
Em Busca da Casa Perdida
Friday, April 3, 2009
It's a Mini!, she said twice
O que Sara Peres tem em comum com John Lennon e Marianne Faithfull? Não, a moça não canta. Pode cantar, mas canta mal.
Pequenino, vermelho e de tecto branco, o elegante Clubman é um Mini. “It’s a Mini!”, she said. Não se creia que os "cantantes" britânicos possuíam Clubman’s. Seriam antes, de fonte segura, pequenas edições especiais. Afinal, quem pode, pode.
Inicialmente, quiçá à falta de melhor, o seu nome era simplesmente "Caixa-Laranja". Mas nesse tempo, o carro, o Mini como o conhecemos, não existia ainda. Era apenas um protótipo como muitos outros. Porém, nem mesmo em 1959, ano de lançamento, tinha ainda o nome pelo qual o conhecemos. Ainda nesse ano, o Mini não era ainda Mini. O nome estabeleceu-se definitivamente apenas em 1961.
A ideia inicial de Sir Alec Issigonis, o criador do popular automóvel, era desenhar um veículo pequeno, mas espaçoso, e que não consumisse muito combustível. Eram esses alguns dos requisitos que la piccola machina deveria preencher – aliás, o projecto surge precisamente no seguimento da Crise do Suez e consequente racionamento dos combustíveis.
Após o seu lançamento em 1959, os anos passaram e o carro foi sofrendo pequenas mutações. Não é possível comparar um dos primeiros modelos com um dos últimos Mini’s produzidos já no saudoso ano de 2000, já quando a Rover havia sido desmantelada e os direitos de produção do Mini vendidos à bávara BMW.
O pequeno Clubman vermelho de tecto branco é de 1974. Carro revolucionário. Porventura produzido em Setúbal, nesses tempos idos em que o automóvel era também montado em Portugal e em Itália e não apenas em países de língua inglesa. O Mini fala originalmente inglês, mas a sua fama vai além fronteiras.
Veículo de competição, venceu por três vezes o clássico Rallye de Montecarlo e desafiou todos os que duvidavam da capacidade de mr. John Cooper de conseguir transformar o pequeno Mini num campeão de velocidade.
Foi também estrela de cinema. E muitas vezes, para explicar de que se trata a brasileiros, afirmar que é um carro idêntico ao que mr. Bean conduz é suficiente. Porém, ficou famoso com The Italian Job, filme de 1969. Era o ideal para transportar um saque, graças às suas características: pequeno, rápido e com espaço de sobra para passageiros e bagagem. Mais recentemente também se pode assistir a uma fantástica perseguição em The Bourne Identity, em que o pequeno – e já velho – Mini percorre as estreitas ruas de Zurique, conseguindo escapar às garras das autoridades helvéticas. (Duvida-se, no entanto, da capacidade de Matt Damon para conduzir um carro com caixa manual…)
Ele é assim. Pequeno e veloz. 35 anos tem o pequeno Clubman vermelho e branco. E apenas quatro mudanças. Mas com um arranque veloz, responde também rápido. John Lennon tinha um, Marianne Faithfull também. E Sara Peres de igual modo.
Dizem que Sir Alec Issigonis desenhou os "bolsos" das portas de modo a que coubesse no seu interior uma bela garrafa de Gordon’s gin. Sara Peres não sabe, pois não só não é apreciadora de gin, como nunca experimentou transportar uma dessas garrafas no seu pequeno Clubman.
Sara Peres sabe apenas que não há som mais bonito que o ronronar do "vermelhinho". Ou a satisfação que dá acelerar até ao limite da quarta mudança num troço de asfalto. Curvar com o "piqueno" dá prazer e as inflexões da caixa são verdadeiras sonatas para o ouvido atento do condutor.
Há que saber puxar o ar quando é preciso. Clássicos como este são delicados e necessitam de ser compreendidos. Os seus pequenos caprichos de funcionamento só podem ser satisfeitos por um verdadeiro amante da - agora primitiva – engenharia (e mestria!) britânica que os gerou.
Resta um pequeno brinde ao "pai" que o concebeu como hoje o conhecemos. 50 anos é uma bela idade para marcante ícone do século que passou. E também muitos terão também concebido no interior destes carros. Muita sementinha terá sido plantada em estofos de Mini’s. As taxas de natalidade agradecem a existência do belo automóvel. Ergamos os copos de gin e cantemos os Parabéns. A Sir Alec. Salve!
(Irónico é que os yuppies que terão certamente sido concebidos no interior dos Mini’s da velha guarda, provavelmente conduzem nos dias de hoje o novo modelo powered by BMW. Mas não sou purista. Já o disse. Afinal, a lenda continua viva.)
Pequenino, vermelho e de tecto branco, o elegante Clubman é um Mini. “It’s a Mini!”, she said. Não se creia que os "cantantes" britânicos possuíam Clubman’s. Seriam antes, de fonte segura, pequenas edições especiais. Afinal, quem pode, pode.
Inicialmente, quiçá à falta de melhor, o seu nome era simplesmente "Caixa-Laranja". Mas nesse tempo, o carro, o Mini como o conhecemos, não existia ainda. Era apenas um protótipo como muitos outros. Porém, nem mesmo em 1959, ano de lançamento, tinha ainda o nome pelo qual o conhecemos. Ainda nesse ano, o Mini não era ainda Mini. O nome estabeleceu-se definitivamente apenas em 1961.
A ideia inicial de Sir Alec Issigonis, o criador do popular automóvel, era desenhar um veículo pequeno, mas espaçoso, e que não consumisse muito combustível. Eram esses alguns dos requisitos que la piccola machina deveria preencher – aliás, o projecto surge precisamente no seguimento da Crise do Suez e consequente racionamento dos combustíveis.
Após o seu lançamento em 1959, os anos passaram e o carro foi sofrendo pequenas mutações. Não é possível comparar um dos primeiros modelos com um dos últimos Mini’s produzidos já no saudoso ano de 2000, já quando a Rover havia sido desmantelada e os direitos de produção do Mini vendidos à bávara BMW.
O pequeno Clubman vermelho de tecto branco é de 1974. Carro revolucionário. Porventura produzido em Setúbal, nesses tempos idos em que o automóvel era também montado em Portugal e em Itália e não apenas em países de língua inglesa. O Mini fala originalmente inglês, mas a sua fama vai além fronteiras.
Veículo de competição, venceu por três vezes o clássico Rallye de Montecarlo e desafiou todos os que duvidavam da capacidade de mr. John Cooper de conseguir transformar o pequeno Mini num campeão de velocidade.
Foi também estrela de cinema. E muitas vezes, para explicar de que se trata a brasileiros, afirmar que é um carro idêntico ao que mr. Bean conduz é suficiente. Porém, ficou famoso com The Italian Job, filme de 1969. Era o ideal para transportar um saque, graças às suas características: pequeno, rápido e com espaço de sobra para passageiros e bagagem. Mais recentemente também se pode assistir a uma fantástica perseguição em The Bourne Identity, em que o pequeno – e já velho – Mini percorre as estreitas ruas de Zurique, conseguindo escapar às garras das autoridades helvéticas. (Duvida-se, no entanto, da capacidade de Matt Damon para conduzir um carro com caixa manual…)
Ele é assim. Pequeno e veloz. 35 anos tem o pequeno Clubman vermelho e branco. E apenas quatro mudanças. Mas com um arranque veloz, responde também rápido. John Lennon tinha um, Marianne Faithfull também. E Sara Peres de igual modo.
Dizem que Sir Alec Issigonis desenhou os "bolsos" das portas de modo a que coubesse no seu interior uma bela garrafa de Gordon’s gin. Sara Peres não sabe, pois não só não é apreciadora de gin, como nunca experimentou transportar uma dessas garrafas no seu pequeno Clubman.
Sara Peres sabe apenas que não há som mais bonito que o ronronar do "vermelhinho". Ou a satisfação que dá acelerar até ao limite da quarta mudança num troço de asfalto. Curvar com o "piqueno" dá prazer e as inflexões da caixa são verdadeiras sonatas para o ouvido atento do condutor.
Há que saber puxar o ar quando é preciso. Clássicos como este são delicados e necessitam de ser compreendidos. Os seus pequenos caprichos de funcionamento só podem ser satisfeitos por um verdadeiro amante da - agora primitiva – engenharia (e mestria!) britânica que os gerou.
Resta um pequeno brinde ao "pai" que o concebeu como hoje o conhecemos. 50 anos é uma bela idade para marcante ícone do século que passou. E também muitos terão também concebido no interior destes carros. Muita sementinha terá sido plantada em estofos de Mini’s. As taxas de natalidade agradecem a existência do belo automóvel. Ergamos os copos de gin e cantemos os Parabéns. A Sir Alec. Salve!
(Irónico é que os yuppies que terão certamente sido concebidos no interior dos Mini’s da velha guarda, provavelmente conduzem nos dias de hoje o novo modelo powered by BMW. Mas não sou purista. Já o disse. Afinal, a lenda continua viva.)
It's a Mini!, she said once
A prova de que não sou purista. E como qualquer condutor que siga o slogan BMW - "Pelo prazer de conduzir" - gosto de conforto e de automóveis com direcção assistida, ora pois!
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