Saturday, May 4, 2013

Made in China IV - O regresso do dragão voador [ou apenas eu a tentar endrominar pessoas]

[Espero conseguir um número recorde de visitas nesta espécie de tasco triste que nem álcool oferece, à pala deste título. Mas lembrem-se que, felizmente ou infelizmente, escrevi notícias durante um breve período da minha vida e nem todos os títulos eram/tinham de ser informativos. Bastava que fossem apelativos.]


Ora vamos a isto. Primeiro: não há dragão voador. Mas podia. Porque uma das cenas que deixa qualquer pessoa atordoada e espantada e maravilhada quando chega a Macau é a dança do dragão e/ou do leão, coisa bastante banal para quem é daquelas bandas, mas extraordinária para os palermas dos ocidentais que chegam... erhhh, do Ocidente.

Recordo-me que a primeira «grande» dança do dragão/leão e cerimónia de águinha nas trombas do dito foi numa conferência da FIEALC - Federação Internacional de Estudos da América Latina e Carraíbas [lembro-me bem das «Carraíbas». É daqueles erros maravilhosos de tradução que tanto prazer dá a ver a um português]. E foi no Venetian. Aliás, foi a propósito dessa conferência que fui pela primeira vez ao Venetian. Demorei cerca de 15 minutos - desde a entrada no complexo, atravessando a sala de jogo - a chegar à zona de conferências. Podem perguntar-me o que vestia naquele dia, que me recordo ainda: calças de linho brancas e uma camisa-túnica azul-escura igualmente de linho. Tinha a minha carteira azul clara ao ombro e umas sandálias de couro castanho claro rasas [que ainda hoje uso, ocasionalmente - foram compradas no Brasil em 2005 e são uma categoria!]

Por esta altura, os ninguéns que lêem isto assustam-se: passaram, daqui a nada, 6 anos. A verdade é que, além de possuir uma foto, tirada nesse dia, algures, me recordo bem de ter assinalado a dita dança no primeiro draft do meu artigo - como se aquilo fosse um dos critérios que compõem um acontecimento - e de ter sido ridicularizada por tê-lo feito: coisa mais banal no território não havia [mais tarde haveria de o perceber; que isso e o corte das fitas com uma espécie de pompons é o pão-nosso de cada inauguração].

Aliás, o stress gerado pela cobertura da minha primeira grande conferência foi tão grande que, no ano seguinte, quando acordei de uma anestesia geral que durou mais de quatro horas, achei que estava lá, de novo, no Venetian, a assistir à conferência. E chorei. Oh, se chorei. Porque estava drunfada e acreditava verdadeiramente que tinha voltado atrás no tempo: estava em Macau, tinha voltado para Portugal, mas, sem ninguém me avisar, tinham-me mandado para lá outra vez. Valeu-me o falecido Dr. Moura, que com o seu habitual pragmatismo me perguntou se, porventura, estava no casino. Disse-lhe que sim. E ele, abanando a cabeça e tratando-me como se fosse uma louca, lá me mandou para o recobro. Yep, ele, sim, era um tipo que sabia o que fazia. E eu sinto muitas saudades dele. May he R.I.P. [E não, isto não é uma piada. É genuíno.]

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