Monday, January 25, 2021

Sem número, número 48: Lei de Murphy

Algures entre Novembro e Dezembro de 2007, no meu primeiro emprego a sério, trabalhei 30 dias sem parar, sem fins-de-semana ou folgas. Era uma miúda e por uma série de motivos que não interessa desenvolver aqui, não me importei muito. Mas também porque sabia que no final desses 30 dias teria cinco de descanso por causa do Natal.

No último dia de trabalho antes das férias, quando estava para sair de casa, de manhã, tive a minha primeira contratura lombar. Não sabia o que era e sofri bastante, mas, muito curvada, lá fui trabalhar. Com drogas e pomadas, aguentei até ao final do dia, mas não me recordo se fui ou não a pé para casa. 

O dia seguinte, véspera de Natal, passei-o sozinha em casa, imobilizada na cama. Nesse dia, comi uma caixa de chocolates e bebi água, porque eram as duas coisas ao alcance do braço (os chocolates eram uma lembrança de Natal que recebera no dia anterior). Não conseguia sequer levantar-me para ir à cozinha. 

Umas semanas ou meses depois, contei isto a uma colega de trabalho. Ela riu-se muito e disse que eu era a personificação da Lei de Murphy. Não sei se alguma vez tinha ouvido falar do conceito, mas nunca mais o esqueci. 

Hoje é dia 25 de Janeiro de 2021. Passaram pouco mais de 13 anos desde esses eventos. Estou mais velha, já tive mais contraturas e envolvi-me em mais incidentes, como há pouco mais de duas semanas, quando fiz um lenho no nariz ao bater com a cara num sinal de trânsito. 

Entre o dia de ontem, em que o meu avô fez anos (87!), e o dia de hoje, o Murphy veio visitar-me. Entre derrubar uma caneca no computador, pôr um pé numa poça de água e molhar a perna, despejar um chávena de chá no colo e ter um cotonete enfiado no nariz até sentir o cérebro doer, só posso dizer que esta segunda-feira está muito perto de destronar aquele distante Dezembro em que percebi finalmente o verdadeiro significado do Natal. E da Lei de Murphy. 

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