Hoje, durante uma esforçada corrida - foi o terceiro dia desde que reiniciei a actividade física após semanas de imobilidade -, ao sentir dores, recordei-me de uma manhã em que acordei cedo, cerca de umas 6.30, 7.30, tomei o pequeno-almoço e me dirigi à farmácia mais próxima para comprar uma embalagem de Nurofen. Paguei, traguei dois comprimidos de uma assentada, dirigi-me ao teleférico e subi à montanha. Era o penúltimo dia de ski dessa minha estreia (e até agora, para minha tristeza, única incursão) na neve. E não havia dor muscular que me fosse impedir de subir a montanha até ao topo da última pista vermelha e descê-la o mais rápido que pudesse.
Em pouco mais de seis dias, aprendera a equilibrar-me, a travar, a curvar, a ganhar velocidade, a dar pequenos saltos, a esquiar. [Para quem se tinha em tão má conta no capítulo da prática desportiva, serviu para perceber a força e a imensidão da minha preguiça. E também o quão diferente teria sido a minha vida se alguma vez tivesse feito frente à preguiça - e aqui imagino uma preguiça gigante (o bicho) a fazer-me peito. Mas isso já é pura parvoíce.]
Vou lembrar-me até ao fim dos meus dias da primeira visão que tive da montanha, cá do fundo, junto às pistas verdes: eu soube, algures nas minhas entranhas, que queria e iria fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para subir aquela montanha e deslizar até cá abaixo; eu a deslizar naquele manto branco; eu a escutar o silêncio do vento e dos esquis a rasgarem a neve; eu, tranquilamente, a esquiar e a divertir-me ao máximo (Claro que para isso seria necessário um domínio mínimo da coisa). Subi, desci, caí tantas vezes que perdi a conta, levei com algumas pessoas desgovernadas em cima, zanguei-me com a instrutora eslovaca, chorei e maravilhei-me perante as minhas capacidades de aprendizagem. Pela primeira vez em anos, ambicionara algo e conquistara-o. And ain't that something?
Agora, sempre que vejo uma embalagem de Nurofen, penso em ski. Mas ou é mero reflexo pavloviano ou a memória a ser parva.
PS - A cereja no topo do bolo, o efeito inesperado de tudo isto foi ter perdido o medo/pavor (!) das alturas. Essa é que eu não esperava, mas tem-me sido bastante útil. Principalmente para caminhar sobre pontes/plataformas de vidro e/ou transparentes sem ficar paralizada, em pânico.
Sunday, August 26, 2012
Thursday, August 23, 2012
A postcard a day keeps the sadness away #20
Deve ser um dos postais de que mais gosto, ainda que na altura não recebesse muitos - foi algures em 2006/2007, anos antes de saber o que era sequer o Postcrossing. Foi uma amiga minha, que encontrando-se no programa Erasmus na Holanda, viajou até Berlim e de lá mo enviou. Eu só viria a conhecer Berlim no final de 2010, numa viagem que fiz com a minha irmã para visitar uma amiga cazaquistaneza (tive de ir ao dicionário para saber como se escrevia o nome de um habitante do Cazaquistão, oh my -.-'). Gostei muito da cidade, apesar do pouco tempo que lá estive, e acho que esta imagem é-lhe bastante adequada.
Wednesday, August 22, 2012
Sem número, número 3
Ontem, ao conduzir numa estrada que conheço de cor, lembrei-me
de estar num bar em Osaka, algures no meio de Namba, a beber uma cerveja (das
completas, não uma meia-cerveja) com um rapaz belga a morar em Pequim e um neo-zelandês
que partira a perna a esquiar algures em Hokkaidó. Estavamos sentados à janela
e passou um Toyota MR2. Na rua havia umas quantas moças vestidas de meninas de
colégio em cartão em tamanho natural. E eu pensei para mim que aquilo era mesmo
muito japonês.
Sem número, número 2
Quando eu era jovem (15 anos, ou à volta disso), dava-me
para ouvir Rammstein, ver filmes de David Lynch – embora falte ainda visionar o Eraserhead – e ler O Nome da Rosa. Continuo a achar que me podia ter dado para muito
pior.
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Umberto Eco
Tuesday, August 14, 2012
Cenas da vida no campo #1
Às vezes, cá em casa, houvera uma espécie de foguetão, e a vida seria igual à cena que abre este vídeo.
Outros dias há, em que me apetece fazer o mesmo que o Zio Teo. Porém, do topo da nossa cerejeira, gritaria outras palavras.
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Cenas da vida no campo,
Federico Fellini
Frase do Dia #32
Porque sim. Porque o céu se encheu de nuvens e se acinzentou:
«O amor não é a felicidade.
Se não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em corrigir-nos, em louvar nos outros o que nos falta a nós.
Os homens que tomaram a resolução de detestar os seus semelhantes ignoram que é preciso começar por se detestarem a si mesmos.»
«Poesias, Prefácio a um livro futuro», integrado em Cantos de Maldoror, de Isidore Ducasse, Conde de Lautréamont.
«O amor não é a felicidade.
Se não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em corrigir-nos, em louvar nos outros o que nos falta a nós.
Os homens que tomaram a resolução de detestar os seus semelhantes ignoram que é preciso começar por se detestarem a si mesmos.»
«Poesias, Prefácio a um livro futuro», integrado em Cantos de Maldoror, de Isidore Ducasse, Conde de Lautréamont.
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