Reza a Bíblia que São Tomé, um dos doze apóstolos, duvidou da ressurreição de Jesus e só ficou convencido da veracidade do sucedido após tocar as chagas de Cristo. Diz que é daí que vem a expressão «ver para crer».
No entanto, existe um fenómeno muito mais frequente que contraria a expressão e arruína mais vidas. O 'crer para ver'. É quando a pessoa acredita que alguém é de determinado modo, ainda que todas as suas atitudes contrariem, ou pouco corroborem a ideia. Ao contrário de São Tomé, quando a pessoa crê para ver, não há nenhuma imagem, nem explicação que ajude o crente a ver a realidade, que, em quase 100 por cento dos casos, não corresponde à crença.
Dir-se-á, «Quem nunca?». De facto... Quantos de nós, pessoínhas, nunca viram reciprocidade de sentimentos porque quiseram acreditar que existia? Contudo, perante o olhar geral, diz que nunca houve registo algum dessa reciprocidade. But yet, in the eye of the beholder...
Destrói sentimentos, arruína vidas... Mas há quem consiga, ao fim de algum tempo, perceber que a crença não corresponde à realidade partilhada. A frustração ajuda a abandonar a crença. Outros, nunca hão-de desistir, nunca perceberão e continuarão, até ao fim dos seus dias, a culpar o outro, que, naturalmente, é louco. Que outra explicação pode haver, se os seus vários comportamentos não correspondem à crença? Que outra explicação pode haver para alguém que sempre se acreditou que fosse Y, ainda que sempre se tenha comportado como X? Louco, naturalmente. Ou «a atravessar uma fase difícil». É sempre uma fase, porque acreditam, como quem acredita num deus que não vê, que a pessoa é Y. Embora tudo grite X.
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