Saturday, September 26, 2020

Sem número, número 39 (mas que devia ter outro número)

Tentei, há algum tempo, deixar de me pensar em demasia. Porque consome muito tempo e gera ansiedade. É melhor pensar no que temos em redor. Ou melhor: em quem nos rodeia.

Durante três anos, quem me rodeava e me mantinha os pés assentes no chão, esteve ausente. Cedo me apercebi do impacto que essa ausência tinha na minha percepção da realidade. Todos precisamos de uma espécie de bússola moral, que não é, no meu caso, uma simples bússola moral. É uma real bússola humana, que me auxilia a encontrar o referente externo do "outro". Para uma pessoa egocêntrica, uma destas bússolas é essencial. Ou, pelo menos, é-o para uma egocêntrica que não quer perder o Norte.

A minha irmã é a minha bússola. Se consigo, apesar das minhas falhas, ver através de olhos alheios, é graças a ela. Nunca deixou de martelar esta dura cabeça, mesmo nos momentos mais críticos, e conseguiu sempre trazer-me de volta à realidade. E fazer-me compreender o mundo a partir do olhar dos outros.

Por isso, a poucos dos dias do seu aniversário*, escrevo estas palavras lamechas. Que são sobre mim (ou não fosse eu uma criatura que acha que é tudo sobre mim - mesmo os incêndios na Califórnia ou os terramotos na Nova Zelândia), mas não existiriam sem a minha irmã.

E é isto. Feliz aniversário, Sorella.


*Escrevi isto quatro dias antes do aniversário, mas a vida, às vezes, mete-se no meio das palavras, por isso vai só agora.

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