Friday, October 2, 2020

Sem número, número 42: Do hábito

210 dias. Passaram 210 dias desde a última vez que estive na empresa onde trabalho. Hoje regressei, ainda que apenas para buscar algumas coisas. 

O percurso foi o habitual. O mesmo que fiz, diariamente, cinco dias por semana, alguns feriados incluídos, com excepção das férias e baixas, entre o dia 12 de Maio de 2014 e o dia 6 de Março de 2020. Ou seja, cerca de seis anos. Durante cerca de seis anos percorri esse caminho que, por volta das 6h30 da manhã, sem trânsito ou chuva, demora dez minutos a fazer.

O itinerário foi o mesmo, ainda que num horário diferente. E, para meu espanto, após atravessar a ponte e contornar algumas rotundas, hesitei no caminho. Foram apenas instantes, uns segundos, mas a hesitação surpreendeu-me.

Nestes seis anos de regresso a Coimbra, houve fins-de-semana em que, rumando a casa dos meus pais (que se situa no sentido oposto ao da empresa), dei por mim a caminho do trabalho. O corpo entrou em modo piloto automático - talvez o cansaço ou a cabeça a mil - e seguiu a rota dos dias úteis.

Supostamente, old habits die hard. Na verdade, descobri hoje, são apenas necessários 210 dias para quebrar uma rotina. Mas talvez nem seja preciso tanto tempo para matar um hábito. Do mesmo modo que não é impossível impor um novo. Tal como um ditador, após a queda de um, é sempre possível substituí-lo por outro. Basta tentar. 

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